quinta-feira, 21 de maio de 2015

Pesquisas e Elaboração de Conteúdos Específicos para o Tópico "Projetos".

Projeto: O que é?

Essa modalidade de organização do trabalho pedagógico prevê um produto final cujo planejamento tem objetivos claros, dimensionamento do tempo, divisão de tarefa e, por fim, a avaliação final em função do que se pretendia, Tudo isso feito de forma compartilhada e com cada estudante tendo autonomia pessoal e responsabilidade coletiva para o bom desenvolvimento do projeto.
O projeto é um trabalho articulado em que as crianças usam de forma interativa as quatro atividades linguísticas básicas- falar/ouvir/escrever/ler-, a partir muitos conhecimentos e variados gêneros textuais, nas várias áreas do conhecimento, tendo em vista uma situação didática que pode ser mais significativa para elas. Marcamos com um asterisco (*) alguns gêneros textuais que serão detalhadamente trabalhados na modalidade “Atividade de sistematização”.
Ressalta-se que isso poderia ter sido feito também nas outras modalidades organizativas, uma vez que a atividade de sistematização é entendida como uma “parada” para estudar mais, para enfatizar e sistematizar, conhecimentos das crianças relativos a tema/ assuntos, gêneros textuais, aquisição da base alfabética, convenção da escrita etc.

Projeto: “Nossa Rotina, Nossa Aprendizagens”.
Faixa etária: 6 anos (Ensino Fundamental l)
Produto: dada a especificidade desse projeto – trabalhar as rotinas escolares- podemos pensar em vários produtos finais possíveis. Sugerimos que os registros escritos de determinadas ações sejam considerados produtos finais: listas (*), agendas, quadros e tabelas, regulamentos, arquivos temáticos, cartas, coleções, portfolios...
Objetivos Gerais:
·         Conhecer mais as rotinas escolares como organizadoras das ações cotidianas e todos seus potencial de aprendizagens, não somente em relação à leitura, à escrita e aos conteúdos específicos das áreas curriculares, mas também no que diz respeitos às relações e aos procedimentos.
Objetivos Específicos:
·         Desenvolver a oralidade e incluir o aluno no universo da leitura por meio da argumentação, exposição de ideias e conhecimentos prévios.
·         Realizar atividades coletivamente, compartilhar materiais, respeitar opiniões individuais e decisões do grupo.


Desenvolvimento do trabalho
1.      Discuta com os alunos o projeto: objetivos, necessidade de envolvimento de todos, responsabilidades de cada um e produtos finais. Discuta o projeto com os pais/ comunidade, no sentido de ter a adesão deles em relação à finalidade desse trabalho, assim como possíveis contribuições.
2.      Solicite que os alunos fiquem atentos ao que fazem na escola e ao que pode ser tema de trabalho do projeto, como, por exemplo:
·         Lista para saber quem são os presentes e faltoso, os horários, o cardápio da merenda, a divisão de tarefas/ responsabilidades de cada um, os livros do acervo da classe etc.;
·         Agenda para comunicar os endereços dos alunos, os materiais que serão usados em determinados dias ou atividades, os recados para os pais etc.;
·         Quadros e tabelas para organizar dados de forma visual – leituras realizadas na atividade permanente, tarefa realizada e pendência, planos de trabalhos, dados de outros projetos ou sequencias didáticas etc.;
·         Regulamentos para registrar e divulgar normas de comportamento, regras de convivências discutidas com a turma etc.;
·         Arquivos temáticos para organizar estudos/ pesquisas feitas sobre tema/ assuntos relativos às áreas curriculares, como, por exemplo. “A vida do sapo”, “O corpo crescer”, “A cidade grande e a cidade pequena”, “Os contos de fadas”, “A Amazônia”, “A televisão”, etc.;
·         Cartas pra que os alunos se comuniquem com as outras turmas, relatando o que estão aprendendo.
·         Coleções para coletar e organizar “objetos” (tampinhas, figurinhas...), “gêneros textuais” (poemas fábulas, conto de assombração...). Essa ultima categorização pode ser objeto de comunicação oral dos alunos, em dias e horários marcados com antecedência. Dessa forma os alunos aprendem a se comunicar oralmente, com mais propriedade, a partir de uma situação real, com interlocutores reais e a partir de uma preparação prévia.
·         Portfolios para registrar e avaliar as atividades feitas, o que se aprendeu, o que mais se quer/ se deve aprender.
O uso de portfolios, por exemplos, pode ser útil para fazer com que os estudantes, sob orientação dos professores, possam analisar suas próprias produções, refletindo sobre os conteúdos aprendidos e sobre o que faltar a aprender, ou seja, possam visualizar seus próprios percursos e explicitar para os professores suas estratégias de aprendizagens e suas concepções sobre os objetos de ensino.
Tal prática é especialmente relevante por propiciar a ideia de que não cabe apenas ao professor avaliar o processo de aprendizagem e de ensino. Tal concepção é contraria as orientações dadas em uma perspectiva tradicional, com seus fins excludentes de classificar e selecionar estudantes aptos e não aptos, que sempre foi promotora de heteronímia: como só o professo é quem julgava os produtos do estudante, este introjetava a ideia de que era incapaz de avaliar e o que fazia, que só adulto- professor sabia o certo. Se quisermos formar crianças e adolescentes que venham ser cada vez mais autônomos, precisamos promover, no cotidiano, situações em que os estudantes refletiam, eles próprios, sobre seus saberes e atitudes, vivenciando da trajetória de sua aprendizagem.
3.      Organizar os recursos, como impressora, Xerox, mimeógrafo, papel carbono para reprodução de textos (quando for necessário) e materiais diversos para os diferentes momentos e produtos finais do projeto, como: papéis/folhas de tamanhos diferentes, lápis, canetas coloridas, caixas de papelão de tamanhos diferentes, colas, etc.
4.      Trabalhar, por exemplo, como os diferentes gêneros textuais e seus portadores/ suportes, nas atividades sistematização, como forma de fazer uma espécie de zoom em cada um, considerando que a produção de textos acontecerá em situações reais, para interlocutores concretos, de forma coerente com a concepção de linguagem como interação.

PROJETO LITERÁRIO
OBJETIVOS:
  •      Incentivar o hábito de leitura;
  •     Promover a formação de leitores-produtores à reflexão e diferentes textos, estimulando-os à reflexão e ao desenvolvimento do senso-crítico;
  •     Estabelecer relações entre professores, alunos e famílias para viabilizar e capacitar pesquisa e leitura;
  • Ressignificar os espaço tempos da escola: sala de aula, biblioteca, pátio.
  • Explorar a produção de Monteiro Lobato

         CONTEÚDOS:
Apresentação do filme: Sitio do Pica pau Amarelo – Reinações de Narizinho - 5 º Episódio
Leitura do livro: O Saci, de Monteiro Lobato.

   ESTRATÉGIAS:
Ambientação dos espaços de aprendizagem com o tema do Sítio: confecção de painéis (em papel pardo) com as silhuetas dos personagens e adivinhas para que as crianças fiquem curiosas a respeito das identidades ocultas.
Confecção do personagem Saci;
Apreciação da obra A Cuca, de Tarsila do Amaral: análise dos elementos da tela. Alunos fazem a releitura da obra em papel sulfite.
Encontro com os pais para a explicação das ações do Projeto;
Confecção de A Caixa do Pirlim pimpim, as famílias farão a produção coletiva de uma história intitulada Um mergulho no mundo da fantasia.
Produção do primeiro parágrafo (ou capítulo) da história com as crianças e o professor como escriba.
As crianças levam a caixa para casa e os familiares escrevem os parágrafos (ou capítulos) seguintes utilizando também personagens do Sítio: Cuca, Saci...
A história do Saci será lida diariamente para as crianças para que a próxima família dê continuidade e assim sucessivamente até o desfecho que será elaborado em sala de aula.
Professores digitam o texto final e convidam famílias para a leitura da história completa.

     PRODUTO FINAL:
Leitura da história construída pelas famílias.
Exposição das releituras de Tarsila e dos Sacis (bonecos feitos pelas crianças).



PROJETO: “Animais do Pantanal”
               “Ler e Escrever”

 Justificativa:

     
Este projeto visa estabelecer classificações em relação com os interesses expressados pelo grupo. Partindo de dois contextos que serão assuntos culminantes para o desenvolvimento do projeto: Projeto do Livro Ler e Escrever: Animais do Pantanal.
       Serão trabalhados os animais citados nas fichas técnicas do projeto, que vivem no Pantanal e que por sua vez são encontrados no Zoológico.
       A partir daí todo o trabalho se encaminhará em várias direções que despertarão os conteúdos a serem trabalhados.
Juntamente aos tópicos direcionados a Ciências Naturais estarão também presentes as fábulas na área de Literatura Infantil. Onde as crianças invadirão o mundo da fantasia e de questões morais encontradas nas diversas fábulas escolhidas pelo grupo.
Nesse princípio trabalharemos as informações do encaminhamento do Livro Ler e Escrever planejando as atividades que serão desenvolvidas no 3º bimestre do 2 º anos, o qual segue as diretrizes curriculares, elaboramos este projeto para complementar o conteúdo da disciplina de ciências, onde trabalharemos os animais, suas características (modo de locomoção, habitat e alimentação e ficha técnica).
Consideramos que o presente projeto tem extrema importância para que os alunos tenham uma melhor aprendizagem, pois é comprovado que esta ocorre por meio de experiências concretas. Assim uma visita ao zoológico poderá proporcionar aos alunos contato com os animais, os quais serão trabalhados no decorrer do bimestre, também possibilitará que o conteúdo se torne mais prazeroso e estaremos aguçando a curiosidade natural que todas as crianças têm sobre os seres vivos, os quais estão presentes no dia a dia de diversas formas e possibilitando que as mesmas construam conhecimentos significativos sobre eles criando condições para que possam desenvolver atitudes de respeito à preservação ao meio ambiente, é muito importante garantir que a curiosidade da criança seja explorada para a construção destes conhecimentos, oportunizando momentos em que ela possa realizar experiências, expressarem suas opiniões, levantar relações entre os seres vivos e ambientes.
      A proposta do assunto animais é de uma possível justificativa, pois, os animais têm uma importante presença em seu mundo cotidiano (desenhos animados, histórias, jogos) e, além disso, possuem um importante caráter de identificação de suas vivências pessoais e sociais.
      Este estudo facilitará a correlação entre diversos animais e destes com seu ambiente que serão aprofundadas e ampliadas em vários estudos.


    Objetivos:
  •          Definir de diversos animais suas principais características;
  •         Diferenciar vertebrados e invertebrados;
  •          Conhecer os diversos animais apontando para sua diversidade (locais onde vivem sua alimentação, seus hábitos e outras peculiaridades relativas a cada espécie);
  •        Correlacionar todo o estudo com o desenvolvimento do processo de alfabetização.··.

Conceitos
  •          Comparar diversos tipos de animais através da observação;
  •          Refletir sobre as características individuais de cada animal e risco de extinção;
  •          Identificar as características específicas de cada grupo de animais;
  •          Saber identificar: vertebrados e invertebrados, domésticos e selvagens, úteis e nocivos, aquáticos, terrestres e aéreos, reprodução e habitat dos animais.
  •          Apropriar-se dos cuidados necessários á preservação da vida e do ambiente.


                 Procedimentos:

  •   Pesquisar a história de cada animal do interesse do grupo;
  •   Coletar dados por meio de pesquisas e observações;
  •   Usar diferentes fontes de informação e relacioná-las;
  •  Selecionar alguns tipos de animais para pesquisa;


Desenvolvimento:
O projeto será desenvolvido de acordo com o encaminhamento do Ler e escrever, pois proporciona etapas a serem seguidas.
  •    Elaborar cartazes, painéis,
  •      Estabelecer ordem crescente e decrescente;
  •      Comparar pesos e medidas (ficha técnica);
  •      Formular questões pertinentes que apontem para a caracterização de determinado animal;
  •        Selecionar informações relativas a aspecto de pesquisa;
  •       Registrar o assunto organizadamente de diferentes maneiras;
  •     Trabalhar no laboratório de informática (junta bichos e outros sites educativos)
  •       Associar escrita de nome, letras e textos;
  •       Contar histórias para o grupo mostrando gravuras de determinados animais;
  •       Visitar um Zoológico;


Intervenções dos professores ocorrerão sempre que necessário;
Após a visita o conteúdo continuará ser trabalhado em sala de aula. Os alunos poderão confeccionar cartazes de acordo com os acontecimentos adquiridos, por meio de fotos e/ou colagens, também com relatos e/ou desenhos.

Avaliação:

Será realizada durante todo o desenvolvimento das atividades do 3º bimestre, através de observação da participação, bem como ampliação do repertório e conhecimentos adquiridos pelos alunos.
   Público alvo:
    Segundos anos do ensino fundamental
    Cronograma:
    Local a ser visitado (Zoológico de Bauru).   

Fonte de Pesquisa:
Prof. Fabíola Maria Giovanetti Marques.  projeto realizado no Colégio Marista / Ribeirão Preto / SP.
https://www.facebook.com/groups/294001620699031/?fref=ts acessado em 14/05/2015 ás 23h43min.
BRASIL, Ministério da Educação. Letra Viva- série realizada pela TV Escola. Brasília: MEC/ Secretaria da Educação a Distância, 2005.
____. Coleção Proinfantil. MENEZES, M.B de RAMOS, W.M (Org.) Brasília: MEC/ Secretaria de Educação Básica/Secretaria a Distância, 2005.

SOLÉ, I. Estratégia de leitura. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

14 perguntas e respostas sobre projetos didáticos
Eles trazem a vida real para a sala de aula, envolvem mais as crianças nas atividades e, com alguns conteúdos, são a melhor forma de trabalhar. Porém, ainda geram muitas dúvidas.

Anderson Moço (novaescola@fvc.org.br

1. o que é Projeto Didático?

Projeto didático é um tipo de organização e planejamento do tempo e dos conteúdos que envolve uma situação- problema. Seu objetivo é articular propósitos didáticos(o que os alunos devem aprender) e propósitos sociais(o trabalho tem um produto final, como um livro ou uma exposição, que vai ser apreciado por alguém). Além de dar um sentido mais amplo às práticas escolares, o projeto evita a fragmentação dos conteúdos e torna a garotada corresponsável pela própria aprendizagem.Os projetos estão mais populares do que nunca. Redes de todo o país incentivam o trabalho com essa modalidade e algumas escolas preveem no currículo os que serão realizados durante o ano. Boa notícia. Afinal, em muitos casos, eles ajudam a ensinar mais e melhor. Porém falta informação sobre o tema. Só neste ano, NOVA ESCOLA recebeu 166 e-mails com dúvidas. Compiladas em 14 questões, elas são respondidas nesta reportagem para ajudar você a dominar essa ferramenta.
 2 Quais as características de uma boa proposta?

Os projetos podem ser planejados e organizados de inúmeras formas, porém algumas ações são fundamentais:
1. Tema: delimitar e conhecer bem o assunto que será estudado e pesquisá-lo previamente.
2. Objetivos: escolher uma meta de aprendizagem principal e outras secundárias que atendam às necessidades de aprendizagem 
3. Conteúdos: ter clareza do que as crianças conhecem e desconhecem sobre o tema e o conteúdo do trabalho. 
4. Tempo estimado: construir um cronograma com prazos para cada atividade, delimitando a duração total do trabalho. 
5. Material necessário: selecionar previamente os recursos e materiais que serão usados, como sites e livros de consulta. 
6. Apresentação da proposta: deixar claro para a sala os objetivos sociais do trabalho e quais os próximos passos. 
7. Planejamento das etapas: relacionar uma etapa à outra, em uma complexidade crescente.
8. Encaminhamentos: antecipar quais serão as perguntas que você fará para encaminhar a atividade. 
9. Agrupamentos: prever quais momentos serão em grupo, em duplas e individuais. 
10. Versões provisórias: revisar o que a garotada fez e pedir novas versões do trabalho.
11. Produto final: escolher um produto final forte para dar visibilidade aos processos de aprendizagem e aos conteúdos aprendidos.  
12. Avaliação: prever os critérios de avaliação e registrar a participação de cada um ao longo do trabalho.

3 Todo projeto precisa ser interdisciplinar?
Não. Um projeto focado em apenas uma área tem grande valor, já que permite um mergulho mais profundo no conteúdo trabalhado. Embora, às vezes, pareça que objetivos de disciplinas diferentes estejam coordenados numa mesma proposta, muitas vezes só os relacionados a uma delas estão sendo desenvolvidos. Num cenário ainda pior - e também comum -, não são trabalhados de forma correta os conteúdos de nenhuma das áreas.

            Um bom projeto é aquele que indica intenções claras de ensino e permite novas aprendizagens relacionadas a todas as disciplinas envolvidas. "Não é raro a turma apenas utilizar conhecimentos que já possui", explica Maria Alice Junqueira, professora de Pedagogia do Instituto de Educação Superior Vera Cruz, em São Paulo, e assessora de redes públicas e escolas particulares. Veja o exemplo de um projeto de Ciências que tem como objetivo ensinar procedimentos de pesquisa. Se os alunos tiverem de produzir um relatório e já forem experientes na escrita desse gênero, não é possível dizer que ele envolve a disciplina de Língua Portuguesa - afinal, eles só estão colocando em jogo o que sabem. Isso vai efetivamente ocorrer se a tarefa for produzir um artigo científico e esse tipo de texto for novo para todos.
            A ideia de que projetos didáticos precisam ser interdisciplinares pode estar relacionada a uma confusão entre essa estratégia, os projetos institucionais e os temas geradores. Os projetos institucionais são ações que envolvem toda a escola em torno de um mesmo objetivo - por exemplo, produzir um jornal ou uma campanha. Nesse caso, cada professor precisa pensar em atividades relacionadas a ele para desenvolver com sua turma. Não há necessariamente um produto final ou um propósito social para o trabalho. Já quando é definido um tema gerador, como meio ambiente, cabe ao professor escolher quais serão os conteúdos a enfocar e os objetivos a alcançar. O problema, nesse caso, é organizar as atividades em cima de um tema considerado envolvente pelos alunos, em vez de fazer um planejamento baseado nas reais necessidades de aprendizagem deles.

4 É melhor criar um projeto ou aplicar um já testado?
Para um profissional que tem pouca experiência com esse tipo de trabalho, é melhor utilizar um bom modelo, com todas as etapas definidas e os objetivos previamente pensados e aprovados. Não há demérito nisso. Nas melhores escolas, é comum replicar boas práticas. "Um projeto nunca vai ser uma receita fechada, que o professor simplesmente lê e desenvolve em classe com a turma. É preciso adaptar as atividades levando em consideração as características dos alunos e a realidade local", ressalta Clélia Cortez, coordenadora pedagógica do Colégio Vera Cruz, em São Paulo. Um trabalho sobre animais, por exemplo, fica muito mais interessante se focar as espécies encontradas na região. 
Mesmo quando há um exemplo a seguir, é preciso analisar se as questões colocadas pelo autor estão de acordo com o nível de conhecimento do grupo, se os materiais sugeridos são adequados e estão disponíveis e se as etapas são suficientes para a realização de todas as atividades. "Ao longo do trabalho, adaptações são necessárias para o cumprimento dos objetivos. "São esses cuidados que garantem os traços de autoria no desenvolvimento da proposta", completa Clélia. Já um professor acostumado a trabalhar dessa forma pode criar os próprios projetos e organizá-los num banco, a ser utilizado com variações de tema, conteúdo e série. Isso não significa, no entanto, que uma estratégia de sucesso deva ser repetida ano após ano. Mesmo que o currículo seja o mesmo, os alunos são diferentes e isso exige mudanças.

5 Quando optar por um projeto?

Alguns conteúdos curriculares permitem (e às vezes pedem) um trabalho aprofundado e que inclua as práticas sociais relacionadas a ele. Confira abaixo alguns blocos de conteúdo de cada disciplina mais adequados a essa modalidade.

Pré-escola
Conteúdos
Natureza e sociedade, linguagem oral e comunicação e exploração e linguagem plástica
Por que é adequado
- Aproxima as crianças de práticas sociais, como a busca por informações e a apresentação delas
- Traz um novo propósito para a leitura em aula: ler para estudar e para saber mais sobre um tema
Erros mais comuns
- Planejar projetos curtos (de uma semana) porque envolvem os pequenos
- Focar o acabamento do produto final, descaracterizando a produção das crianças.
Língua portuguesa
Conteúdos
Sistema alfabético de escrita, comunicação oral, comportamentos escritores e leitores
Por que é adequado
- Fornece um contexto favorável de leitura e escrita aos que não estão alfabetizados
- Articula o conhecimento sobre o sistema de escrita aos conteúdos relacionados à linguagem
- Favorece a união dos propósitos didáticos aos sociais, já que a turma sabe para quem, por que e o que escrever
Erros mais comuns
- Desperdiçar a oportunidade de refletir sobre o sistema alfabético
- Planejar as mesmas atividades para alunos alfabéticos e não alfabéticos
- Trabalhar sempre com os mesmos propósitos de leitura, escrita e oralidade
- Focar o trabalho no produto final

Matemática
Conteúdos
Leitura, escrita, comparação e ordenação de escrita numérica

Por que é adequado
- Traz os números nos contextos cotidianos, o que nos anos iniciais dá mais sentido às atividades, apesar de não ser imprescindível

Erros mais comuns
- Simular mercadinhos e não propor a reflexão sobre as operações utilizadas
- Dar mais atenção ao produto final, deixando em segundo plano o conteúdo que se quer ensinar
Ciências
Conteúdos
Procedimentos e atitudes científicas
Por que é adequado
- Mostra à turma a importância de buscar soluções, interpretar dados, observar e registrar descobertas  - Promove a divulgação dos conhecimentos produzidos pelos alunos para destinatários reais

Erros mais comuns
- Passar meses pesquisando um tema 
- Não propor a reflexão sobre a importância dos procedimentos realizados 
- Deixar de orientar a pesquisa
História
Conteúdos
Procedimentos de pesquisa e História oral e local

Por que é adequado
- Cria situações significativas de pesquisa, semelhantes às vividas por historiadores 
- Garante que os alunos leiam e escrevam sobre o tema para um destinatário real, o que é essencial para preservar as características sociais da linguagem nessa área

Erros mais comuns
- Aceitar a simples cópia de informações
- Não ajudar na interpretação dos textos
- Ignorar as relações entre o passado e o presente
- Adaptar textos ou apenas usar aqueles considerados de fácil leitura
Geografia
Conteúdos
Geografia física e Geografia cultural

Por que é adequado
- Evita a fragmentação do saber geográfico 
- Permite articular os diferentes campos de estudo da área, como o relevo relacionado a estudos de caso na cidade e no campo

Erros mais comuns
- Pedir apenas textos descritivos 
- Não desenvolver a cartografia temática 
- Deixar de lado o trabalho investigativo 
- Não relacionar a paisagem à cultura

Educação Física
Conteúdos
Práticas da cultura corporal e conhecimentos sobre o corpo
Por que é adequado
- Possibilita o estudo das manifestações corporais, unindo as questões sociais, físicas, culturais e econômicas envolvidas nessas práticas .
- Ajuda a mudar a concepção das aulas, colocando as práticas corporais como parte de um processo maior de aprendizagem.

Erros mais comuns
- Deixar de sistematizar os conhecimentos adquiridos durante o trabalho
- Não pedir que os alunos produzam materiais escritos e de apoio à pesquisa
- Supervalorizar as aulas práticas e dar menos atenção às questões teóricas

Língua estrangeira
Conteúdos
Comportamentos leitores e escritores

Por que é adequado 
- Coloca os alunos em situações sociais de uso do idioma, como a ida ao cinema
- Possibilita à turma entrar em contato com outros falantes, além de textos, vídeos e jogos interativos

Erros mais comuns
- Planejar sem adequar os desafio à experiência anterior de cada estudante
- Usar materiais não adequados às características da turma

Arte
Conteúdos
Produção e reflexão sobre Arte

Por que é adequado
- Cria situações significativas de pesquisa, semelhantes às vividas por historiadores
- Garante que os alunos leiam e escrevam sobre o tema para um destinatário real, o que é essencial para preservar as características sociais da linguagem nessa área
Erros mais comuns

- Pedir que os alunos sempre façam releituras e não incentivar que criem 
- Organizar o produto final sem a participação dos estudantes 
- Não incluir o trabalho de todos no produto final

Consultoria: 
Beatriz Gouveia, Daniel Vieira Helene, Fabio D'Angelo, Luciana Hubner, Priscila Monteiro, Regina Scarpa, Rosa Iavelberg, Sandra Durazzo e Sueli Furlan, selecionadores do Prêmio Victor Civita - Educador nota 10

6 Como fazer o planejamento?
O primeiro passo é ter clareza sobre o que você quer ensinar, o que espera que os alunos aprendam e o que eles já sabem. Assim é possível garantir dois importantes critérios didáticos: a continuidade e a variedade de conteúdos ao longo dos anos.
Feito um recorte no conteúdo - levando em conta a faixa etária da turma e as necessidades de aprendizagem -, é preciso conhecê-lo a fundo e selecionar os materiais a ser usados, como textos, livros e sites. Só então são elaboradas as etapas. Sobre o que eu espero que a classe reflita? No que quero que avance? "Os projetos ajudam a dar voz às crianças por meio da problematização constante. Quando perguntamos da maneira correta, elas indicam o que entenderam e dão sinais do que deve ser ajustado na compreensão. Isso permite avaliar como o trabalho está caminhando e para onde seguir", explica Clélia Cortez.
Pensar no encadeamento das etapas também é fundamental. A ordem é lógica? Esse é o melhor caminho para que a garotada aprenda? A próxima tarefa é construir um cronograma e detalhar como desenvolver o trabalho em sala. Nesse ponto, é essencial ter definido o produto final - uma feira cultural ou um blog, por exemplo - e se haverá um momento de finalização e socialização do trabalho. Em caso afirmativo, qual o objetivo dessa culminância? Essas decisões interferem na gestão de tempo e na busca pelos recursos. Por fim, é necessário definir os critérios de avaliação. Tudo isso precisa estar escrito e serve como uma bússola para o trabalho.

7 Cada etapa deve ter um objetivo?

Sim. Apesar de o projeto necessitar de um propósito central (trabalhar comportamentos escritores, por exemplo), cada atividade deve ter o seu, sempre relacionado ao principal. Quando se sabe o que é preciso ensinar em cada momento, é mais fácil intervir e ajudar a turma a avançar. Esse conceito norteou a prática da professora Eudes da Silva Alves, da EMEB Doutor José Ferraz de Magalhães Castro, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, quando desenvolveu um projeto sobre contos de aventura com uma turma do 5º ano.
            Primeiro, ela ofereceu às crianças diversos livros para ampliar o repertório. Depois, propôs uma análise das características do gênero estudado, sistematizando os conhecimentos adquiridos. Na sequência, realizou uma produção coletiva para que a turma se familiarizasse com esse tipo de texto. Por fim, os alunos redigiram as próprias versões, que foram revisadas com o apoio de Eudes. Em alguns momentos, é possível pensar em objetivos secundários que não tenham necessariamente relação com o propósito de ensino maior. É comum isso ocorrer em atividades relacionadas ao produto final, como no caso de as crianças fazerem um desenho para a capa do livro da turma. Isso não está ligado à escrita, mas é uma ação comum na produção de publicações - dentro e fora da escola. Já que se quer preservar as práticas sociais, vale prever isso. O principal cuidado é não reservar muito tempo para esses momentos secundários. Eles devem ser pontuais e focados.
8 Como antecipar as dificuldades dos alunos?
Mais do que antecipar dúvidas, é preciso pensar em atividades específicas para estudantes com níveis diferentes de saber. Para contemplar todos eles, há três saídas: variar a complexidade das tarefas apresentadas, organizar os alunos em grupos e dar atenção àqueles que mais precisam. Para evitar problemas em relação a atividades como pesquisas, entrevistas e interpretação de dados, a solução é investigar as experiências que os estudantes tiveram anteriormente e, se necessário, reservar um tempo para o trabalho com esses procedimentos. Outra opção é retomar registros de atividades anteriores e verificar os pontos que vão necessitar de mais atenção durante o projeto.
9 Todas as atividades devem ser em grupo?

    Não. Um bom projeto contempla atividades em que os alunos atuam sozinhos, em duplas e em grupos.Porém, como os projetos envolvem a turma toda e o produto final é uma obra coletiva, muitos pensam que tudo deve ser feito em equipe. É importante que as ações estejam articuladas entre si, como no projeto Galeria Virtual de Arte. A atividade começa coletivamente, com a ampliação do repertório da turma e a apresentação de uma ferramenta eletrônica que possibilita as visitas. Para conhecer o acervo e trocar impressões sobre ele, são formados trios. De novo juntos, todos escolhem quadros para compor uma galeria e, na sequência, cada aluno fica responsável pela legenda de um quadro, mostrando o que aprendeu. 

     Um bom critério para definir de que forma os estudantes vão realizar a tarefa é sua complexidade. A leitura de um texto, por exemplo, deve ser feita em grupo quando a garotada tem pouca experiência com o tema ou o gênero. A pesquisadora Delia Lerner, em um artigo publicado na revista argentina Letra y Vida, afirma que a discussão entre os alunos numa situação como essa é fundamental porque obriga cada um deles a justificar sua interpretação e, assim, tomar consciência das próprias contradições, além de conhecer a interpretação dos colegas. Depois dessa etapa, realizar sozinho uma atividade baseada nas informações do texto fica bem mais fácil.
10 Como apresentar a proposta à turma?
O primeiro passo é criar um clima de curiosidade. Para envolver a garotada, de nada adianta só dizer: "Vamos trabalhar nos próximos meses com um projeto". "O sucesso da estratégia está condicionado ao interesse despertado no estudante, valorizado como pesquisador e expositor do que apreendeu", explica Jorge dos Santos Martins, autor de livros sobre projetos de pesquisa. 
O ideal é começar a conversa problematizando o tema e o produto final. Nesse caso, o recomendado é envolver os alunos na discussão sobre como chegar ao resultado esperado. A professora Lisiane Hermann Oster, do Sesquinho - Escola de Educação Infantil do Sesc, em Ijuí, a 410 quilômetros de Porto Alegre, seguiu à risca essa recomendação. Ao desenvolver um projeto sobre o sistema de numeração com uma turma de 5 anos, ela se baseou nas seguintes questões: para que servem os números? Onde eles aparecem em nosso dia a dia? Os pequenos falaram do número do sapato, do peso e da altura. Só então ela propôs criarem um jogo de cartas do tipo Supertrunfo e perguntou como fazer isso. Com os passos do trabalho já previstos, Lisiane foi ajustando o que eles diziam e apresentou as etapas a ser seguidas.

11 Quando é preciso replanejar?
            Sempre, já que nunca o que foi previsto se confirma totalmente na prática. Em geral, o planejamento é ajustado e repensado a cada etapa vencida, de acordo com os indícios que os alunos dão sobre o que estão efetivamente aprendendo durante o processo. É comum identificar pontos que precisam ser retomados antes de iniciar a etapa seguinte ou conteúdos que necessitam ser reforçados para garantir novas aprendizagens. "Todo professor deve se perguntar ao fim de cada atividade ou etapa se o andamento do trabalho está de acordo com o que quer ensinar", recomenda Paula Stella, coordenadora pedagógica da Comunidade Educativa Cedac, em São Paulo. Um alerta: ter de replanejar uma parte do projeto é muito diferente de desenvolver o trabalho de forma intuitiva. Quando não há um plano, as intervenções ficam menos efetivas e o professor tem de correr, ao término de cada aula, para preparar as atividades da próxima. Replanejar é retornar à etapa anterior, incluir uma nova ou repensar aspectos das que estavam previstas.

12 Vale interferir para aperfeiçoar o produto final?
Sim, mas desde que o objetivo seja fazer com que a própria turma aperfeiçoe o trabalho realizado. Não é tarefa do professor melhorar sozinho o acabamento de um cartaz ou o texto de um diário de campo escrito pelos alunos. Como já devem ter entrado em contato com diversos modelos do produto final escolhido, eles podem retomá-los, comparar ao que produziram e corrigir trechos que não ficaram a contento. "Quando está envolvida com o propósito social do projeto e sabe para que ele serve, a garotada se dispõe a refazê-lo inúmeras vezes", avalia Paula Stella. Prova disso é o projeto sobre a transição do trabalho escravo para o assalariado livre no Brasil, realizado por Juliano Custódio Sobrinho na EM João de Deus Rodrigues, em Petrópolis, a 68 quilômetros do Rio de Janeiro. Para a montagem de um seminário (o produto final escolhido), os alunos realizaram entrevistas com moradores da cidade. Além de pedir que retomassem algumas conversas, ao avaliar um esboço do painel de apoio e da apresentação, o professor apontou problemas e estimulou a construção de novas versões, no que foi prontamente atendido.

13 Como avaliar os estudantes?
No caso dos projetos, são três os eixos de aprendizagem que podem ser considerados na avaliação:
- o conteúdo;
-o aprofundamento no tema;
- a aproximação com a prática social relacionada ao produto final.
As respostas dadas pelos alunos ao longo do processo dão pistas sobre o que já foi compreendido e no que ainda é preciso avançar, assim como os momentos de sistematização dos conteúdos - quando a turma define com suas palavras os conceitos estudados. Para Delia Lerner, o processo permite diminuir a incerteza do professor e do aluno porque nele se passam a limpo os conteúdos ensinados e aprendidos. Outra boa estratégia é, no fim de cada atividade, fazer uma análise das produções, que funcionam como um retrato da aprendizagem até aquele ponto. O conjunto delas pode revelar os avanços e os problemas enfrentados por cada um. Da mesma maneira, o produto final, em suas sucessivas versões, também mostra o percurso pelo qual o aluno passou. Os projetos possibilitam ainda uma avaliação do trabalho do professor e indicam em que pontos sua condução precisa ser ajustada. Um meio de fazer isso é pensar nos objetivos de ensino e nas condições didáticas oferecidas. A análise das produções realizadas e das respostas dadas pelos estudantes no desenvolvimento do projeto também pode ser vista sob a ótica do ensino. Algumas questões que norteiam as análises: a forma de conduzir o trabalho foi adequada? Foram feitas intervenções sempre que necessário? As atividades responderam ao objetivo de cada etapa? Os materiais usados foram adequados? O tempo previsto foi suficiente? Esse tipo de reflexão tem uma importância formativa única para o professor e pode impactar positivamente a prática cotidiana.

14 Qual a importância da culminância?
São duas as funções principais das cerimônias de fechamento de um projeto didático: dar ao aluno visibilidade para o processo de aprendizagem pelo qual passou e apresentar o trabalho da turma para a comunidade e os pais, que são estimulados a perceber o avanço de seus filhos.
O evento só cumprirá esses dois papéis se estiver prevista a exposição dos objetivos de cada atividade realizada, dos registros das várias versões do produto final e das fotos que ilustram o processo. Fazer uma festa bonita não deve ser a maior preocupação da escola- como é bastante comum -, mas o mínimo de organização precisa ser garantido.
Sem despender muito tempo nessa tarefa, professores e gestores precisam tomar uma série de providências, como conseguir microfones para as apresentações orais, organizar as cadeiras para os convidados e distribuir pelo espaço reservado para o evento suportes para expor os trabalhos. "Não é correto transformar a culminância na grande estrela de um projeto. O mais atrativo é o caminho pelo qual todos passaram e as realizações das crianças", explica Maria Alice Junqueira. Alerta: a participação dos alunos na culminância deve ter caráter pedagógico, incluindo a definição de critérios para a exposição do material, e não na produção de enfeites, o que não se relacionam a nenhum objetivo.
Quer saber mais?
CONTATOS 
Clélia Cortez 
Maria Alice Junqueira

BIBLIOGRAFIA:

Ensinar: Tarefa para Profissionais, Beatriz Cardoso (org.), 406 págs., Ed. Record, tel. (21) 2585-2000, 47,90 reais / tel. 0800-703-3444, 36 reais 175 págs., Ed. Artmed, 39,90 reais 

Ler e Escrever na Escola: O Real, o Possível e o Necessário, Delia Lerner, 128 págs., Ed. Artmed, 
Livros de Alfabetização e de Português:Os Professores e suas Escolhas, Antônio Augusto Gomes Batista e Maria da Graça Ferreira da Costa Val (orgs.), 240 págs., Ed. Autêntica, tel. 0800-2831-322, 41 reais 

O Ensino da Linguagem Escrita, Myriam Nemirovsky, 160 págs., Ed. Artmed, 26 reais 

O Poder dos Projetos - Novas Estratégias e Soluções para a Educação Infantil, Judy Helm e outros, Piaget-Vygotsky - Novas Contribuições parao Debate, Delia Lerner e outros, 176 págs.,Ed. Ática, tel. 0800-11-5152, 44,90 reais 
Propostas Didáticas para Aprender a Escrever, Anna Camps (org.), 220 págs., Ed. Artmed, 41,60 reais 
Trabalho com Projetos de Pesquisa: Do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, Jorge Santos Martins, 144 págs., Ed. Papirus, tel. (19) 3272-4500, 34,90 reais